EUA treinam militares paraguaios e presença brasileira aumenta na Tríplice Fronteira
9/8/2012 13:03, Por Redação, com RickTV - de Cidade do Panamá, Ciudad del Leste, Assunção e Brasília
81
Paraguai
A convite dos EUA, o Paraguai participa das manobras no Canal do Panamá
Soldados paraguaios participam desde o início deste semana dos
exercícios militares dirigidos pelo Comando Sul dos Estados Unidos, em
manobras de suposta defesa do Canal do Panamá. A participação paraguaia
em um movimento de tropas norte-americanas ocorre logo após o golpe de
Estado naquele país sul-americano, prontamente apoiado por Washington,
contra o ex-presidente Fernando Lugo. O treinamento das tropas seguirá
até o dia 17 de agosto e tem cerca de 600 militares.
“Robert
Appin, do Comando Sul dos Estados Unidos afirmou que o enfoque dos
exercícios é a reação a um hipotético ataque terrorista que pretenda
bloquer o trânsito de navios no Canal”, afirma nota do Movimento pela
Paz, a Soberania e a Solidariedade entre os Povos (Mopassol, na sigla em
espanhol). Segundo a instituição argentina, há no Panamá 12 bases
aeronavais controladas pelos EUA. Desde 2003, sob a direção do Comando
Sul, realizam-se os exercícios militares conhecidos como Panamax, que
contam com a participação de militares do Chile, Panamá e Estados
unidos. Atualmente, porém, integram as manobras 17 países ao todo e é
considerado um dos maiores movimentos de tropas do mundo.
O
Paraguai tem participado das manobras desde 2006, mas se manteve
afastado de 2009 a 2012, sendo novamente convidado após o golpe que
instituiu o governo de facto do presidente Federico Franco.
Referindo-se ao exercício multinacional que usa a desculpa da luta
contra o terrorismo, o jornalista cubano Miguel Lamas afirmou, dois anos
atrás, que o verdadeiro projeto dos exercícios militares na América
Latina são ensaios de uma invasão.
“O aparato militar dos EUA
aponta para a necessidade daquele país de buscar condições militares
suficientes para dominar, militarmente, os demais países
latino-americanos. Eles trabalham nos setores de inteligência e no
treinamento físico para manter uma força capaz de intervir, no futuro,
em qualquer país do continente. Este é o verdadiro objetivo de todas e
de cada uma das manobras e dos exercícios militares que fazem, sempre
com a cumplicidade aberta de vários países latino-americanos e de forma
encoberta por outros”.
Intercâmbio parlamentar
No caso
paraguaio e do Cone Sul, vale recordar que o governo dos EUA, há anos,
insiste na presença de células terroristas em Ciudad del Este, na zona
denominada “tríplice fonteira” (Brasil, Argentina e Paraguai). Um grupo
de parlamentares norte-americanos, em visita àquela cidade paraguaia,
nesta semana, alegou que o propósito da missão é a de “compreender
melhor os desafios do crime transnacikonal que o Ocidente enfrenta”,
segundo porta-voz.
O Paraguai mantém fortes laços de cooperação
técnica e militar com os EUA, sempre a serviço daquele país no objetivo
de bloquer a presença das repúblicas socialistas da Venezuela e demais
integrantes da Unasul e no próprio Mercosul, do qual fazia parte até ser
suspenso após o golpe de Estado, renovando sempre seu apoio à
ingerência norte-americana na região. O país abriga uma classe política
de ultradireita e conservadora que, no dia 22 de junho, perpetrou um
ataque à democracia e ao mandato do presidente deposto Fernando Lugo.
Essa mesma classe política, formada por partidos tradicionais e
dependentes do capital estrangeiro, ampliou os contatos com o Congresso
norte-americano nas últimas semanas
Manobras brasileiras
Ao longo desta semana, o governo brasileiro concluiu o envio de um
contingente de cerca de 9 mil militares – equipados com helicópteros de
combate, navios-patrulha, aviões de caça e blindados – para a Tríplice
Fronteira, na Operação Ágata 5. O movimento de tropas irá durar 30 dias.
“É uma operação de fronteira que tem por objetivo, sobretudo, a
repressão à criminalidade”, disse o ministro da Defesa, Celso Amorim. A
Marinha enviou aproximadamente 30 embarcações para os rios da Bacia do
Prata, entre elas três navios de guerra e um navio-hospital.
A
Força Aérea Brasileira (FAB) participa da operação com esquadrões de
caças F5 e Super Tucano, além de aviões-radar e veículos aéreos não
tripulados. O Exército mobilizou infantaria e blindados Urutu e Cascavel
de três divisões. As três Forças usam ainda helicópteros Black Hawk e
Pantera, para transporte de tropas e missões de ataque.
A
operação terá ainda o apoio de 30 agências governamentais, entre elas a
Polícia Federal, que elevarão o efetivo total para cerca de 10 mil
homens. O general Carlos Bolivar Goellner, comandante militar do Sul,
disse que a área crítica de patrulhamento é entre as cidades de Foz do
Iguaçu, no Paraná, e Corumbá, em Mato Grosso do Sul, onde é maior a
maior incidência de tráfico de drogas e contrabando.
Partiu da presidenta Dilma Rousseff a ordem a Amorim para a execução da Operação Ágata 5.
– A ação visa a reforçar a presença do Estado na fronteira com a Bacia
do Prata – disse Goellner. Segundo ele, as fronteiras serão fortemente
guarnecidas e como consequência o tráfico de drogas e o contrabando
devem ser “sufocados”.
Para Samuel Alves Soares, professor da
Universidade Estadual Paulista (Unesp) e presidente da Associação
Brasileira de Estudos de Defesa (Abed), a decisão de ampliar o número de
homens armados na região de fronteira pode ser entendida como uma
mensagem da disposição de aumentar a força brasileira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário